Nossos medos são renovados a cada dia e nossas certezas diminuem ao sabor do vento.Pensamos que já somos maduros o suficiente, que somos implacáveis diante daquilo que fez nossa alma chorar, que somos o máximo.Daí, acordamos.Pois é, era um sonho tão fantástico quanto surreal, jamais teremos nossas feridas saradas e muito menos cicatrizadas.As que cicatrizam são as que doeram menos, aquelas que nos ensinaram que tínhamos opções, mas não quisemos, são as que doem para sempre. A diferença entre o que quer a sua mente e o que é melhor pra ti são geograficamente tão próximas quanto os extremos das Américas. Sabemos que de nada remar contra a maré, exceto pelo condicionamento físico que vamos adquirir.Mas, cá para nós, lá no fundo sabemos muito mais o que não queremos do que o que almejamos: não queremos a apatia, o descanso, o sossego, o passar do tempo. Queremos viver como se nada fosse limitado, como se tudo fosse cristalizado e eterno; não temos culpa, não temos analistas, não temos remédio. O que temos são os medos, a nos fazer companhia em dias claro de verão, onde nem o sol seria capaz de se esconder com a peneira. Vamos lutar até enquanto tivermos forças, rumo a exaustão...O que há de nos consolar é sempre pensar que haverá em algum lugar do mundo alguém que daria tudo para estar no nosso lugar e viver a nossa vida, sentir nossas angústias e chorar nossas feridas. O que nos acalanta é a possibilidade de também deixarmos marcas, tão profundas quanto as que ainda estão em carne viva sob a nossa pele. E sabemos que nossos cortes ainda continuam abertos em outras feridas... Por que a vida é isso. Erros. Acertos. Começo e Meio. O Fim, nunca chega...porque somos eternos (ao menos isso!).
Virgínia Carvalho
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