“Acho que a primeira pedra quem
atirou não tem perdão. A segunda pedra quem a jogou não sei, sei que não sou eu
quem ferirá pela última vez.”. Hoje a lucidez me acordou cantarolando essa
música e com um bom dia perfeito me perguntando: você sempre é o que você diz
ser? Sempre é bom com os outros, luta pelos seus direitos e respeita o direito
dos demais?
Por um instante quis voltar a
dormir, mas a razão não deixou e os pensamentos começaram a passear pelo
quarto. E fiquei virando de um lado para o outro como um bife mal passado num
churrasco de domingo. Existem coisas que nos incomodam, pelo simples fato de
existirem. Penso, repenso e nem sempre chego à conclusão nenhuma por que
existem coisas que nos incomodam mesmo...e muito.
Aquela pedrinha no sapato num dia de
festa, aquela espinha horrível num dia de encontro e aquele discurso de quem
acha que tem sempre razão e os outros estão errados. Sabe, caro leitor, existem
regras básicas para se viver e uma delas é ser justo. O fato de eu ter 15 ou 16
anos não me dá o diploma de ‘dono da verdade’, não me faz melhor do que
ninguém, a única vantagem que levo é que ainda tenho muito tempo pra aprender
que não adianta eu ter boas intenções e excelentes ideias se eu não respeito o
direito do meu próximo e, inexoravelmente quero impor minhas vontades. Achamos
que estamos certos o tempo todo, que temos razões que até a própria razão
desconhece. Brigamos, lutamos, fazemos barulho por...nada. Esquecemos que as
revoluções não se fazem sem argumentos, com gritos, massacres, sem respeito.
Dizem que se conhece um verdadeiro
homem de valor pela sua palavra, que uma vez dada não volta atrás. Engano do
senso comum. O valor de um verdadeiro ser humano está estritamente relacionado
não com as suas palavras, mas com a grandeza de saber a hora de mudar de ideia,
consiste em saber a hora certa de recuar e atacar; o valor de uma pessoa não se
mede por que ele não concorda com você, se mede pela sua atitude de respeitar a
opinião alheia, senão, para que época retornamos? A era em que o exílio era a
solução para todos aqueles que discordavam dos ditadores? Trocamos o direito
pela imposição? Nossa! Quanta inteligência e sabedoria! Quanto progresso!
Posso não concordar com nenhuma das
palavras que você diz, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-las.
Voltaire é quem tinha razão e nós, ainda somos os meros aprendizes. Quem tem
direito, sempre dá o mesmo direito aos outros. A isso chamam ‘democracia’.
Virgínia Carvalho
Em 15 de junho de 2012.
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